Joelho de Porco.

Sempre tive curiosidade sobre esse prato, pois muitos falavam positivamente dele e um dos meus poucos limites gastronômicos são as carnes gordas ou com sabor que remeta a isso, o joelho, mesmo sendo mais magro que outros cortes, contém peles e cartilagens de sobra.
Passeando pelos arredores do Mercado Municipal de Curitiba, fui à distribuidora de carnes e vi joelhos defumados por preços convidativos (R$ 11,90/kg), comprei duas peças que totalizaram R$ 24,00.
Pesquisei muitas receitas na internet e cheguei em um ótimo pessoal.
Repetir não custa: Cuidado com grandes sites de receita, sempre veja mais de 10 e sempre peça ajuda para quem tem experiência.
Na foto (que ficou péssima!) vemos os joelhinhos com batatas e chucrute.

Joelho de Porco 001
Ingredientes:
2 joelhos de porco defumados (2kg)
01 cebola grande.
3 folhas de louro.
6 cravos.
3 dentes de alho.
Pimenta do Reino ao gosto.
200Ml de vinho branco.
700G de batata
500g de chucrute (Usei pacote Hemmer).

Preparo:
Coloque os joelhos, todos os temperos e o vinho em uma panela de pressão, coloque água até cobrir as duas peças. Tampe e deixe no fogo por 40minutos (depois que pegar pressão). Depois de cozidos, coloque as duas peças para dourar por 30min em forno médio pré aquecido. Use a água “temperada” para cozinhar as batatas durante esses 30minutos (pode usar pressão). O Chucrutes já vem pronto, só recomendo passar em água corrente com auxílio de uma peneira. Basta montar e servir.

Dicas:
– Os joelhos são DEFUMADOS, vendidos em embalagens à vácuo.
– Pode deixar no vinho e temperos de um dia para o outro, dentro da geladeira, só colocando água quando for cozinhar.
– Muito cuidado ao abrir a panela de pressão!
– Dourar no forno é opcional, faço isso para deixar a pele mais rija. Algumas pessoas preferem maçaricar para fazer pururuca, eu até faria isso, se tivesse um maçarico.
– A água/caldo que sobra do cozimento é dos Deuses, pode cozinhar o que quiser ali, inclusive até mesmo pensei em coar, reduzir e servir como molho.
– Não se esqueçam de passar o chucrute em água corrente, pois defumados já tendem a ser salgados e não seria legal misturar com o repolho carregado de sal.

Farofa de Banana e Bacon.

Tem coisa mais gostosa que farofa salgada-doce de fim de ano?
Sim! Farofa salgada-doce de fim de ano requentada no café da manhã do dia seguinte!
Hahahahahahahahahahaha
Gordofeelings.
A receita que se segue é muito simples, pense numa coisa fácil e boa!
Não precisa esperar o final de ano, faça isso ao menos uma vez por mês e será uma pessoa mais gorda alegre para sempre!

farofa banana bacon
Ingredientes:
200G de bacon.
03 cebolas grandes picadas.
50-100Ml de óleo
01 pimentão vermelho.
50-100G de manteiga
500-750g farinha.
3-5 bananas em rodelas.
½ Maço de cebolinha
Sal e pimenta do reino.
Damasco (opcional)

Modo de Preparo:
Frite bem o bacon, adicione o óleo e as cebolas, deixe caramelizar e então coloque os pimentões e refogue um pouco, coloque a farinha e a manteiga (sal e pimenta). Vá mexendo a farofa até a farinha tostar, esse ponto é delicado, toda atenção é pouca! Após ficar pronto, coloque a banana em rodelas e a cebolinha, tampe e deixe descansar por no mínimo uma hora. Depois servir. 🙂
O damasco fica lindo por cima e muito gostoso também, ferva ele rapidamente em pouca água para fica mole e suculento e deixe-o descansando ali, só colocando POR CIMA da farofa na hora de servir.

Dicas:
– Medidas são todas variáveis, depende das porções, gosto e ingredientes (tipo farinha, a granulagem dela muda tudo!)
– A cebola pode ser picada da forma que quiser, eu cortei em quadrados grandes e grosseiros.
– Não usei alho porque foi servido com um lombo de porco cheio de alhos encravados nele. (qualquer dia coloco a receita)
– Não refogue ou mexa muito a banana, viraria uma inhaca. Esse descanso é justamente para ela “cozinhar” no calor da farofa e acontecer uma troca de sabores. O ideal é deixar umas 3 horas descansando antes de servir e servi-la em temperatura ambiente ou morna.

Boeuf Bourguignon

Hoje pela manhã meu pai acordou falando em comer carne cozida, mas ele queria a receita sem batatas e cozida no vinho… pensei um pouco e concluí é aquela carne de panela com nome francês “BOEUF BOUGUIGNON”!!!

Ok, não é a receita original, alias, nem sei como ela é mesmo, mas fiz à minha maneira.
Fui ao açougue e comprei 2 peças de acém, cerca de 1kg cada, estava muito fresca e com pouca gordura, um ossinho no meio, maravilhosona!
Os legumes, eu já tinha em casa e o um vinho tinto chileno também.
O resultado ficou excelente, sabor intenso, carne molinha e suculenta, caldo encorpado e legumes no ponto! O aroma ocupou toda a casa, perfeito!

Carne de panela Boeuf Bourguignon


Ingredientes:

02kg de acém
03 cebolas médias.
05 dentes de alho.
Óleo.
250ml de vinho tinto seco.
4 tomates maduros.
2 pimentões (um de cada cor)
2 cenouras grandes.
Um maço de cebolinha.
Sal, pimenta e cominho.

Modo de Preparo:
Corte o acém em 8 partes cada peça de 1kg (cubos grandes) frite em um pouco de óleo para selar, pouco a pouco, para não juntar água. Reserve.
Na mesma panela, frite o alho, depois a cebola, adicione a carne (já selada) e a pimenta-cominho. Deixe refogar um pouco, adicione os tomates e o sal, refogue novamente até os tomates “derreterem” um pouco. Deve ter juntado alguma água, no mínimo encobriu 50% ou 70% dos pedaços de carne, complete com vinho e água, se necessário. Tampe e deixe cozinhar na pressão (40min-1h depois que começar a chiar), adicione as cenouras e o pimentão, corrija o sal se precisar. Deixe borbulhando de boa até a cenoura chegar no ponto desejado, desligue, coloque a cebolinha e é só alegria!

Dicas:
– Cebola, alho e tomates, corte como quiser. A carne recomendo em grandes cubos e a cenoura-pimentão da forma que preferir, desde que fique “bonito” para você.
– Pode tirar o excesso de gordura ou nervo da carne, caso tenha. Mas mantenha o osso.
– Não se esqueça de tirar a pressão da panela antes de tentar abri-la! Pode parecer besteira, mas ta cheio de gente que faz isso. (acredito que a panela nem abra quando ainda tem pressão, mas não custa avisar).
– Pode adicionar batatas, mandioca ou ervas de sua preferência, só lembre-se do ponto de cozimento de cada ingrediente.

Carne de Sol

Eu sei, eu sei… mereço todas as pragas da humanidade, abandonei meus lindos e fiéis leitores e desde que fui para Curitiba isso anda mais abandonado que patrimônio histórico brasileiro.
Pois então, minhas operações com a Leão do Norte começaram, tenho tido mais trabalho do que vendas e isso tem me chateado muito, mas por mais forte que seja, nenhuma tempestade é eterna e por isso já tenho meus planos B, C e D…
Larguei tudo em Curitiba e vim passar uns 20 dias em Recife, resolver umas pendencias chatas de família e volto só no comecinho de Agosto. Por essa cidade tenho tirado litros de fotos e ido aos velhos restaurantes que costumava ir, falta dinheiro para ir a todos que quero, mas tenho me virado muito bem.
Uma das coisas que mais me faz falta em Curitiba é a tal da Carne de Sol. Ao contrário do que todos pensam, carne de sol não é carne seca, jabá ou charque, ela é bem diferente em todos os sentidos. Enquanto a tradicional carne seca (aquela bem salgada de coloração avermelhada) é desidratada e salgada com sal grosso de uma forma intensa, passando por vários processos que podem durar semanas ou meses (40%-45% de umidade, 12%-15% de sal), a carne de sol é mais úmida e suave, seu processo leva poucas horas e menos sal, as mantas de carne (bovina ou caprina) são colocadas sob lonas suspensas e ventiladas por uma brisa fresca e seca do sertão (por isso só existem no nordeste ou SP/RJ por “importação”), dando sabor e textura exclusivos, mais úmido e menos salgado (64%-70% umidade e 5%-6% sal) que a charque tradicional.
Recomendo comprar em lugares mais simples e diretos, como feiras no interior ou em mercados públicos, porque além de mais barato (entre R$ 15 e R$ 20 o Kg), a qualidade nesses lugares é infinitamente melhor que nos supermercados comuns, que vendem por cerca de 10% a 30% mais caro uma carne de qualidade bem inferior. Inclusive minha última receita de carne de sol aqui do blog alguns anos atrás, foi com carne de sol do supermercado, ela era tão dura e salgada que só deu para improvisar um picadinho.
Essa receita é bem bacana, mas não tem nada de especial, a intenção maior é mostrar como é o processo de preparo da carne, muito diferente dos outros tipos mais comuns.
PS. Não é uma receita light.



Ingredientes:

1,5kg de Carne de Sol magra.
04 Cebolas médias. (cortadas finamente)
01 Cenoura média (ralada)
01 litro de leite (semidesnatado)
02 colheres (sopa) de manteiga.
01 colher (sopa) de açúcar
Óleo e pimenta o quanto baste.

Modo de Preparo:
Frite a cebola com óleo e o açúcar, até caramelizar, adicione a cenoura e mexa por mais uns 2 minutinhos, reserve.
Na mesma frigideira, frite a carne DESSALGADA* aos poucos (de 3 em 3 bifes) e vá enfileirando em um refratário, depois de pronto, refrite a cebola na mesma frigideira e adicione a manteiga, cubra os bifes e leve ao forno alto por uns 15 minutos.

Dicas:
-*Para dessalgar a carne: Lave com água corrente, limpe tirando as gorduras, sebos e nervos, corte em bifes grossos (1,5cm aprox) e coloque em água fria abundante. Troque essa água 2 vezes em 30 minutos, ela servirá para tirar parte do sal e limpar a carne, adicione 1 litro de leite (usei semidesnatado porque tinham muitas caixas em casa, mas qualquer um serve) e deixe descansar por 1hora no mínimo. Jogue fora o leite, escorra o excesso e frite em um pouco de óleo bem quente, de preferência em um fogo bem alto e frigideira grossa.
– Para saber se o sal foi retirado da água, sempre frito antes um pedacinho menor da carne, ele deve estar insosso, pois os pedaços maiores terão o sal na medida perfeita.
– É apenas uma carne como qualquer outra, apenas mudam esses modos de dessalgar, use a criatividade na hora do preparo, manteiga e cebola são ótimas combinações. Um carne de sol de alcatra ou outra carne nobre, deve ser comido em bifes, já aquelas mais ordinárias e salgadas do supermercado, cortadas em cubinhos ou desfiadas.

– Se até em Recife tenho dificuldades em achar uma boa carne, não se iluda por outras cidades (fora do nordeste), com exceção de poucos fornecedores confiáveis no eixo RJ-SP, essa receita só é possível aqui pelas terras ensolaradas.
– Como acompanhamento usei arroz, feijão e uma saladinha de vinagrete, mas pode ser pão, macaxeira, purês variados, farofas, etc etc…

Peixada de Pascoa

Eu adoro a Páscoa! Não sou cristão e não sou chocólatra, mas algumas datas têm uma magia. Me lembro da Páscoa de 2007, quando fui para Gravatá (Região serrana do Agreste pernambucano, 85km de Recife). A estrada estava linda, tinha chovido há pouco e a paisagem (estrada e plantas) estavam com aquele aspecto “molhado-e-secando-ao-sol”. Nessa época acontece um fenômeno interessante na região, aparecem milhões de borboletas amarelas por todo lado, são de um amarelo claro e intenso, a estrada fica cheia de borboletas mortas, que se parecem folhas de outono e o para-brisa fica todo “pintado” (sim, muito trágico, mas estranhamente lindo). É quando se iniciam as chuvas e os festejos ligados ao interior no Estado de Pernambuco, as praias ficam vazias e os chalés das cidades serranas se enchem. É a hora de comidas típicas a base de milho, danças, cores e outras mil e uma coisinhas que antecedem o São João e durarão atéééé 07 de Setembro, primeiro feriado de “verão”, onde reinicia a temporada de sol e praia.

Como sou pobre e moro sozinho, segui meu próprio conselho do último post e reciclei a peixada que fiz na sexta-feira santa!

Só para explicar… A foto abaixo é de um cuscuz com o molho da peixada reduzido. Quer dizer, sobrou metade da peixada que fiz ontem, reservei um filé de peixe, umas mini cenouras e joguei fora das batatas (batata requentada é horrível!), reduzi o molho pela metade (1h no fogo baixo) com um pedaço de peixe debulhado e os pedacinhos de legumes (que sumiram!), o caldo ficou grosso e de sabor muito intenso. Restando uns 5minutos, coloquei o filé peixe e as cenouras (aqueles que reservei no começo) apenas para esquentar naquele molho. Ficou muito gostoso, confesso que até melhor que a peixada! Esse molho todo sobrou porque não fiz pirão com o caldo da peixada (não tinha farinha aqui), assim restou “água” em abundância.

Segue a foto do molho reduzido com cuscuz (o filé de peixe está embaixo):

Receita da peixada:

500g de filé de pescada chilena (ou qualquer peixe bom para cozinhar)

03 tomates.

02 batatas.

02 cenouras (usei minicenouras que tinham na geladeira, mas tanto faz)

01 pimentão

01 cebola.

03 dentes de alho

01 limão

01 litro de água.

Cebolinha, Salsa e/ou Coentro a gosto

01 colher (sopa) de açúcar

01 colher (chá) de colorau (não tinha aqui, mas recomendo)

Sal e pimenta do reino o quanto baste.

Azeite para cobrir o fundo da panela.

02 ovos cozidos (opcional)

Modo de preparo:

Coloque as batatas e as cenouras já cortadas para pré-cozinhar (uns 5 ou 10 minutos) em água quente com sal e pimenta. Na panela da peixada, frite o alho no azeite, tire do fogo e monte em camadas: cebola, batatas, cenouras, pimentão, tomate, peixe, cebola, batata, cenoura, tomate, cebolinha-salsa-coentro (suco de 01 limão por cima de tudo). Deixe no fogo por uns 5 minutos, enquanto bota para ferver a água que cozinhou as batatas e cenouras, com o açúcar e colorau. Jogue água quente por cima (provavelmente vai cobrir tudo), tampe e deixe cozinhando até as batatas e cenouras estiverem no ponto.

Dicas:

-Acho essa ordem muito boa, mas se você achar outra melhor, fique a vontade. Não acredito que vá alterar muito a receita. O importante é não mexer, pois destruiria tudo, principalmente o peixe que geralmente é delicado.

-É uma peixada bem “aguada”, quando estiver quase pronta pode usar o caldo para fazer um pirão. Só precisa deixar o caldo fervendo em uma panela separada (fogo baixo), adicionando farinha de mandioca fina aos poucos e ir mexendo para incorporar. Se não gostar disso, faça como eu fiz, reduzindo o caldo no dia seguinte.

-Use o peixe que você achar melhor. Peguei esse por dica do peixeiro, mas existem muitos peixes bons e baratos para fazer cozido.

-No primeiro dia comi a peixada com arroz, no segundo (quando reduzi o molho), comi com cuscuz. Mas qualquer coisa fica boa, purê, mandioca, farinha, farofa, apenas as batatas, pão e até macarrão. Afinal, molho é molho, né?

Macarrão Alho e Óleo

Sinceramente? Um dos pratos mais geniais que já inventaram! É barato, prático, gostoso, rústico e graças a Zeus, não é nada saudável! Pra mim tem cara de churrascaria da beira de estrada, casa da vovó ou vida de solteiro, claro, tudo nos anos 80!

Até o nome é perfeito, pois brinca com o famoso molho provençal chamado “Aioli”, que é uma espécie de maionese carregadona no alho.

Se você é vagabundo preguiçoso ocupado demais para gastar mais de 20 minutos cozinhando, tá aí uma boa opção. É uma comida que você pode aproveitar até o macarrão gelado da semana passada do almoço! É algo tão rústico, que coloquei até uma cebolinha mais grosseira que cano de passar bosta, parede de igreja, calcanhar de pedreiro, alho poró sujo da feira!

Ingredientes:

200g de macarrão spaghetti ou Spaghettini.

04 dentes de alho grandões (ou 06 médios)

1/3 do maço de salsinha.

¼ do maço de cebolinha.

20ml de azeite.

20ml de óleo comum.

Sal e pimenta do reino.

Modo de preparo:

Cozinhe o macarrão em água abundante (1,5l aprox), salgada (2 colheres de sal) e borbulhante. Assim que botar a massa para escorrer, frite o alho até dourar, adicione a salsa, cebolinha e o macarrão (já escorrido) e vá misturando e corrigindo o sal-pimenta se necessário. E tá pronto, mais simples que isso, só miojo!

Dicas:

-Não seja tão mão-de-vaca pão-duro muquirana unha-de-fome Julius econômico, compre macarrão di grano duro

-Como a água do macarrão já é salgada, dificilmente você precisará corrigir o sal, principalmente se adicionar a massa ainda levemente molhada (o ideal).

-O macarrão deve estar al dente pra meio durinho, já que terminará de cozinhar com os outros ingredientes na frigideira.

-O alho deve ser colocado sobre o óleo ainda frio, aos poucos ele vai fritando e quando os pedacinhos menores ficarem marrons (mesmo que os maiores ainda estejam brancos e apenas com as bordas tostadas), adicione os outros ingredientes.

-Usei meio a meio no óleo porque apenas 1 deles fica caro demais. Juliuslifestyle.

-Esse prato rende para duas pessoas “normais”. (3 porções dessas da foto)

-Apenas dê um “susto” no macarrão, não precisa fritá-lo.

-Algumas pessoas colocam outras coisas misturadas, mas eu prefiro o tradicional mesmo. No máximo colocaria uma dedo de moça sem sementes e beeem picadinha.

-Se for usar macarrão de geladeira, dê uma escaldada com água quente, além de tirar o “gelado”, ele ficará mais soltinho. Nesse caso, preste atenção ao sal, que provavelmente faltará.

Canja de Galinha

Olá pessoas! Que saudades de vocês!
Demorei para postar pelos mesmo motivos que aleguei na postagem passada. Estou morando sozinho e meu apartamento não dispõe e quase nada: batedeira, liquidificador e outras coisas simples. O projeto de filmar as receitas já está encaminhado, porém aconteceram atrasos por motivos técnicos e provavelmente só terei algo filmado em alguns dias, inclusive a receita de hoje era para ter sido filmada em conjunto com o arroz doce. Por isso estou postando isso diretamente da casa da minha avó, vim aqui com minha amiga Priscila, fiz bolo e no começo da noite fiz uma canja de galinha bem tradicional.
A canja de galinha é um prato curioso, pois esse hábito de consumir arroz+ave é mundial, todo país tem seus pratos com esse casamento. Pesquisando um pouco, descobri que o nome “canja” vem de “kanji”, um ensopado de arroz e galinha indiano típico da Província de Malabar, região onde fica Goa, antiga colônia portuguesa na Índia. O hábito de tomar canja e agregar a ela propriedades medicinais remontam final do século XVIII e começo do XIX com a invasão francesa em Portugal, quando a nobreza consumia regularmente esse prato. Mas como historiador que sou, acredito que a real origem da canja é a mesma do arroz doce. Simmmm, canja e arroz doce são irmãozinhos! Há tempos e tempos atrás, aproximadamente no século XVI e XVII, entre 1532 quando Duarte Coelho chegou até comecinho de 1700, com o começo da interiorização européia no Brasil, o prato mais “chic” de nossas terras era o “manjar branco”, de origem mourisca, consistia em um pudim doce feito com açúcar, leite, canela, arroz quebradinho e peito de frango desfiado. Curioso, não? Pois falarei mais sobre isso na postagem do Arroz Doce FILMADO, enquanto pico e mexo as coisas, vou desconstruindo a história desses pratos tão preciosos.
Resumo da Ópera: Canja é tudo de bom, um prato barato, saboroso, tradicional, simples de fazer e saudável, pois tem baixa caloria e propriedades antiinflamatórias. Pode também ser saboreada no verão, apesar de aquecer, é muito leve e não dá aquele “suador” que os caldos mais pesados e gordos fazem!
Segue abaixo a receita para 2-3 pessoas, para alimentar uma matilha galera maior, use o dobro dos ingredientes descritos:

Ingredientes:
– 1/2 peito de frango (com ossos e pele).
– 03 tomates (cubos pequenos)
– 01 cebola (bem picada)
– 02 dentes de alho (bem picados)
– 03 mandioquinhas salsa (em rodelas médias)
– 01 cenoura média (meia rodelas finas)
– 1/2 xícara de arroz (fino)
– Fio de óleo comum
– Um punhado de repolho (opcional)
– Salsa e Cebolinha (a gosto)
– Sal e pimenta do reino.

Modo de Preparo:
Refogue o alho no óleo até dourar, adicione a cebola e a pele inteira do peito, deixe até caramelizar. Adicione o frango (cortado em cubos) e a pimenta do reino, refogue até o frango ficar branco, adicione o sal, o tomate, a cenoura, salsa e a mandioquinha, misture e coloque o esqueleto do peito (geralmente é uma peça inteira de ossinhos finos e cartilagem, ainda com pedacinhos de carne). Deixe refogar por uns 5 minutos, adicione água quente até cobrir + 50% os ingredientes, aproximadamente 3/4 da panela. Vá provando, quando começarem a cozinhar (mas ainda duros, longe de ficar pronto), coloque o arroz e mexa. Depois vá mexendo periodicamente e provando até o arroz ficar cozido. Corrija o sal/pimenta e adicione as cebolinhas pouco antes de servir.

Dicas:
– Usar a pele e os ossos-cartilagem é muito importante, porque eles darão sabor ao caldo e evitarão o uso daqueles tabletes sintéticos. Não se esqueça de retirar essas partes indesejadas antes de servir, porque osso na sopa ou aquela pele branca e cheia de poros é o fim!
– O tamanho dos legumes e a ordem que são colocados é muito importante, porque o mais difícil em uma sopa é o “timing” , saber que todos os vegetais estarão no cozimento certo ao desligar o fogo. Por exemplo, a cebola e o tomate devem “desaparecer”, já a mandioquinha cozinha mais rápido que a cenoura, por isso é cortada em rodelas mais grossas. O arroz é um dos últimos e a cebolinha, praticamente crua. Assim por diante, porque cozimento e textura importam muito nesse caso.

Yakisoba

Pessoas leitoras de meu blog… Estou radiante, em algumas horas estarei embarcando para Curitiba e só volto em 12 dias (06 de abril), não sei se atualizarei meu blog lá, mas com certeza aprenderei coisas novas e trarei para vocês.

Segue abaixo uma receita curiosa, por ser uma comida deliciosa, colorida, barata e que dificilmente fica ruim, o yakisoba com certeza é o prato oriental mais popular no Brasil e em todo o ocidente. Sua história é engraçada, porque tem duas origens: a primeira está no Japão, pois yakisoba é o nome japonês que se dá para macarrão frito, que é um prato bem diferente do nosso. Outra nomenclatura é “Macarrão Shop Suey”, que traduzindo do chinês é “macarrão tudo misturado”, acredita-se que surgiu de sobras em restaurantes chineses nos EUA. Mas independente de sua história, quem não gosta desse prato deve ser muito fresco ou ter uma língua de lixa… Vamos à receita!

Ingredientes: (para 6 pessoas)

– 500g de macarrão udon

– 200 ml de óleo.

– 01 peito de frango sem pele (500g aprox., cortado em cubos)

– 500g de carne bovina mole (picada em tiras)

– 4 cebolas. (cortadas em forma chinesa, use a faca mesmo)

– 03 cenouras (cortadas finas, use o fatiador)

– 3 pimentões pequeno-médios (dois verdes e um vermelho, cortados em cubos)

– 01 acelga (picadas grosseiramente)

– Pimenta do reino (a gosto)

– Colher (café) de curry

– Colher (café) Ajinomoto

– Maisena (o quanto precisar)

– 10 ml de óleo de gergelim

– 200 ml – 300 ml de água

– 200 ml de Shoyu

– Sal

Modo de Preparo:

Em uma wok ou tacho coloque o óleo, deixe esquentar bastante e adicione a carne bovina, quando ela mudar de cor, adicione o frango, quando estiverem relativamente cozidos, adicione as cebolas e pimenta, deixe fritar. Assim que as cebolas ficarem translúcidas, adicione a cenoura, pimentão, curry, Ajinomoto e nesse momento coloque o macarrão para cozinhar em uma panela com água salgada fervendo (é quase tão rápido quanto miojo). Assim que as cores dos legumes ficarem mais intensas, adicione a acelga, o óleo de gergelim e 200 ml de água fervente, mexa e tampe por uns 2 minutos (até a acelga murchar). Quando tirar o macarrão do fogo, escorra e se necessário (achar que vai demorar mais de 2 minutos para colocá-lo no restante da receita), dê um banho de água fria da torneira para travar o cozimento. Adicione o macarrão, o shoyu e duas colheres de maisena (diluídas) assim que a acelga murchar, misture tudo, corrija o sal ou outro tempero que achar necessário e deixe até o caldo engrossar. Sirva quente, só presta para comer na hora.

Dicas:

– Macarrão Udon é barato, custa entre 3 e 6 reais 500g, dependendo sai até mais barato que lamen. Não é difícil de achar, qualquer mercadinho japonês ou em grandes redes têm.

– Evite usar lamen, miojo ou semelhantes, mas se não tiver outra maneira, faça a receita exatamente como descrevi, porém, todos os ingredientes devem ser despejados SOBRE o macarrão, porque o lamen se despedaçaria ao ser misturado.

– Não se assuste com a quantidade de óleo, comida chinesa é assim mesmo, o yakisoba não brilha a toa.

– Use o fogo mais alto de sua casa, panela bem quente é essencial para a receita.

– Pode substituir muitos ingredientes, vai do gosto do freguês, por exemplo: Acelga pode ser substituída por repolho, algumas pessoas gostam de vagem e outras de champignon (eu gosto, mas não tinha em casa).

– Na verdade nenhuma medida precisa ou deve ser seguida, a receita é longa e talvez trabalhosa, mas não tem mistério. Use os ingredientes na ordem certa: óleo-boi-frango-cebola-legumes-macarrão-caldo.

– Óleo de gergelim é essencial, muito aromático! Pode usar até mais se quiser, uns 20 ml. Economizei porque foi a primeira vez que trabalhei com ele.

– Yakisoba é muito pessoal, cada um faz da sua forma.

Carne de Sol Acebolada

Olá crianças!

Estou eu aqui! Agora com 24 aninhos, feitos há 09 dias atrás (sábado, 23/01). Meu aniversário foi muito legal, pois mesmo não tendo uma festa, saí muito com pessoas queridas, me divertindo de sexta à noite até domingo pela manhã!

Durante o almoço de domingo me vi sozinho em casa, então resolvi fazer algo simples e com gostinho caseiro, um picadinho de carne de sol acebolada.

Quem não é do nordeste e não conhece carne de sol, é uma carne seca (tipo charque), mas ela é menos salgada, úmida por dentro, tem sabor diferenciado e a curiosa característica de só ser produzida no sertão e agreste nordestino, pois seu processo produtivo necessita de uma ventilação constante e seca. O sabor é característico, não é forte, mas é marcante. Quem vier ao Recife, procure um bom restaurante de comida do interior e peça uma carne de sol na chapa com queijo coalho, impossível não gostar!

E claro, eu mereço um parabéns triplo duplo, já que além de aniversário, passei a semana no SEBRAE e conquistei o diploma de Semi-Deus Empreteco*!

(*vide Google)

Na foto temos a carne de sol acebolada, um arroz branco e uma saladinha de agrião que adoro, a pimenta dedo de moça está ali apenas para enfeitar.

Ingredientes:

01 kg de carne de sol. (bem picadinha)

02 cebolas grandes (bem picada)

01 pimenta dedo de moça (sem sementes)

02 colheres (sopa) de azeite

02 colheres (sopa) de óleo

Modo de preparo:

Deixe o óleo e o azeite esquentarem em uma frigideira larga, coloque a carne e a pimenta do reino, deixe fritar, se acumular água separe-a (e reserve) e continue fritando. Quando a carne começar a tostar, adicione a pimenta dedo de moça e a cebola picada, deixando fritar até ela ir secando e ficando com pontas tostadas. Coloque aquele caldo que acumulou no começo, mexa e deixe reduzir.

Dicas:

– Compre carne de sol em lugares de confiança, pois no supermercado elas geralmente são ruins.

– Use peças magras.

– Vai bem com tudo, arroz branco, queijo coalho frito, farofa, feijão verde, cuscuz, salada, etc.

Fusilli à Bolognesa

Hoje faz exatamente 32 dias que não atualizo meu blog. Culpa minha? Sim! Ando bem ocupado com o emprego, inglês e pós, em meu pouco tempo livre estou me dedicando puramente ao lazer, saindo para tomar cafés, indo ao cinema, livraria e passeando com os amigos. Cozinhar nesse tempo livre? Raramente. Fiz apenas coisas que já tinham no blog, como bolo de cenoura, pudim e cuscuz.

Tive folga quinta feira, antes de ontem, resolvi fazer o almoço em casa. Fiz uma macarronada simples e básica, mas claro, usando todas as dicas que aprendi e desenvolvi com a prática. Há alguns meses atrás, fazia macarronada todo sábado ou domingo, é um prato muito comum na mesa da família brasileira e aqui em casa não é muito diferente.

Uma pena que a maioria das pessoas nunca aprendeu a fazer ou sequer comeu uma boa macarronada. Pode parecer arrogância o último trecho dessa frase, mas quantas pessoas usam massa di grano duro ou fazem molho a partir de tomates italianos pelados? Além disso, quantas pessoas deixam o molho apurando por 2 horas ou cozinham o macarrão em água salgada abundante? Se alguém me diz “faço macarronada porque é rápido”, já sei que essa pessoa infelizmente nunca comeu uma boa macarronada. Comentários polêmicos, né?

Mas deixo claro que não sou um purista italianófilo, daqueles bem chatos que só gostam da comida da “Nona” italiana, por isso faço sempre questão de ser muito “brasileiro” em minha macarronada, que sempre tem acompanhamento de uma salada fria e alguma carne. Nesse caso foi rúcula no limão e lingüiça toscana (Não estão presentes na foto), mas poderia ter sido uma maionese de batatas e frango assado ou brotos de alfafa e costelas de porco.

Podem chamar esse “fusilli à bolognesa” de “macarronada parafuso”,  fica muito melhor!

Receita:

Ingredientes molho:

– 100ml de azeite.

– 01 cebola grande.

– 01 cabeça de alho.

– 03 latas de tomate italianos pelados.

– 400g de carne moída.

– ½ maço pequenino de salsa.

– Pimenta do reino, sal e uma pequena dose de orégano e noz moscada.

– Manjericão fresco a gosto.

Ingredientes massa:

– Água abundante (6-8 litros para 500g)

– 500g de macarrão di grano duro.

– Duas colheres de sopa de sal.

Modo de Preparo:

Aqueça o azeite, doure o alho e depois a cebola, adicione a carne, a pimenta, noz moscada e orégano, deixe refogar até ela cozer. Adicione as latas de tomate e a salsa, quando levantar fervura, tampe e diminua o fogo, mexendo periodicamente por duas horas (só quando estiver quase pronto, acerte o sal). Enquanto o molho fica apurando, acenda o fogo da água com sal e coloque o macarrão apenas quando começar a fervura, mexendo às vezes para não grudar. Finalize com manjericão no prato.

Dicas:

– O azeite não precisa ser extra-virgem, ele será esquentado e por isso não faz muita diferença.

– O tomate italiano pelado é muito melhor que as latas comuns de molho de tomate, mas custam quase o dobro do preço. Paga-se pela qualidade.

– Cuidado ao usar os temperos, a pimenta do reino “cresce” durante o cozimento, a noz moscada deve ser usada bem sutilmente (uma micropitada) e o orégano também muito pouco, para não dar gosto de pizza. O manjericão é colocado no próprio prato ou no molho quando o fogo já foi desligado. Sal apenas no final, 5 minutos antes de ficar pronto.

– É muito importante deixar o molho apurando por duas horas, para o sabor melhorar através de processos físicos e químicos, a textura do molho ficar uniforme (não junta aquela água no fundo do prato) e a cor ficará vermelho vivo.

– Use macarrão di grano duro, ele é feito com uma farinha melhor, ideal para massas. Existem marcas nacionais e importadas, custam entre 2 e 4 vezes mais que os tradicionais, mas o sabor e textura são infinitamente superiores. Água abundante para não grudar, pois não recomendo o uso de um fio de óleo na água, porque essa técnica evita o grude, mas deixa a massa escorregadia. O sal serve apenas para realçar o sabor da massa, é bastante sal porque trabalhamos com muita água.

– Pode usar qualquer carne nesse molho, algumas pessoas usam carne em tiras e outros usam frango ou atum, mas o macarrão à bolognesa original deve ser de carne moída bovina, suína ou as duas.

– Se for finalizar com queijo ralado, bato na mesma tecla sempre, não use aquele pó fedido de saquinho, compre um pedaço de queijo parmesão e rale na hora!