Perceberam o quanto é difícil tomar um cafézinho gostoso em Recife? Pois é, uma bebida que consiste apenas em dois ingredientes e mesmo assim pouquíssimas pessoas sabem fazer. Na verdade ele é tão mal feito e desconhecido, que a maioria da população não (re)conhece um bom café ou simplesmente não gosta, provavelmente porque nunca tomou um decente.
Pensei em postar aqui parte da história do café, mas ficaria muito extenso e teria pouca coisa, por isso postei esse link da ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café), com história do produto no Brasil e no Mundo, é muito interessante, a história desse hábito que deu energia para movimentar toda a humanidade durante séculos, passando por conquistas, guerras, extermínios, revoluções e sobrevive até hoje, sob várias formas, no mundo (pós) moderno.
http://www.abic.com.br/scafe_historia.html
O que segue abaixo não é uma “receita”, mas uma série de dicas para fazer uma boa bebida em casa, aquele de coador e pó. Além disso, também uma série de vídeos que pesquisei no youtube e podem ajudar bastante.
Café Simples no Coador:
Ingredientes: (para 03 xícaras)
250ml Água mineral.
03 Colheres (sopa) café em pó. (ou 02 colheres bem cheias)
Modo de Preparo:
Coloque a água no fogo, quando ela estiver prestes a ferver, despeje no recipiente que armazenará o café, espere 1 minuto, devolva à caneca que foi ao fogo e coe o café, em fio, devagar, sem mexer e deixando a gravidade fazer o serviço sozinha.
Mil Dicas:
– Qual água? Sempre mineral.
– Temperatura ideal da água? Aos 90°C, pouco antes de ferver, acima disso o café fica “queimado” enquanto côa (dando um sabor amargo e aspecto opaco, morto), abaixo disso ele não libera os óleos e açúcares necessários e o café fica ruim também (famoso cháfé). Se deixar a água ferver, não há problema, apenas deixe 2 ou 3 minutos no recipiente, esfriando e faça normalmente.
– Por que deixar um tempinho no recipiente que armazenará o líquido? O bule, garrafa térmica ou caneca devem estar com as paredes quentes para preservar por mais tempo o calor do café, além disso, você dá uma aliviada na temperatura da água.
– Qual café escolher? O café padrão do Brasil é o conilon torra média (número 03 ou torra Viena). Conilon não é o melhor café, mas quando ele é selecionado e plantado de forma adequada, pode resultar uma boa bebida. A torra clara é americana, faz cafés mais fracos (para ser bebido em copos) e torras escuras são próprias para café espresso italiano (pequena xícara, mais forte e amargo). O melhor café do Brasil é o arábica sul minas, é também considerado um dos melhores do mundo.
– Qual tipo de coador? Eu costumo usar o de papel, mas evite marcas alternativas, elas sempre vazam. Nunca usei o velho coador de pano, mas sei que ele deve ser lavado apenas com água e descartado após 01 mês, porque proliferam bactérias.
– Como beber? Xícaras ou canecas de louça, pois o vidro, plástico, lata e outras coisas estão fora de cogitação. Café sem louça é como vinho sem taça, dá para beber mas não é a mesma coisa. Cafés mais fortes recomendam-se serem tomados em menor quantidade, em relação aos cafés mais fracos.
– Como armazenar o pó? Guardar o pó de café em um recipiente metálico, totalmente fechado e na geladeira. Quando acabar e for colocar outro pó, lavar e secar bem.
– Tomar ele puro ou comendo alguma coisa? Pessoalmente acredito que cada um saber harmonizar seu café, eu por exemplo: puro só tomo espresso com meio sache ou uma colherzinha de açúcar (mascavo de preferência). Quando vou comer um salgado, como pão ou cuscuz, prefiro o café mais fraco e adocicado, quando é um doce leve, como bolo de fubá, cenoura ou biscoitos sequilhos, é ele mais fraco e meio-amargo, no caso de um doce mais pesado como quindim, pastel de belém ou chocolate, um espresso puro (sem nada de açúcar) é o ideal. Mas gosto é gosto, cada um tem o seu.
– Qual preço? É uma bebida barata. Os cafés geralmente são vendidos em pacotes fechados a vácuo, de 250g e 500g. Os pacotes de 250g mais baratos custam R$ 1,90-R$2,50 em média, um premium (conilon melhor selecionado) na faixa de R$3,50-R$4,00, o arábica comum R$4,00-R$5,00 e os arábicas de melhor qualidade entre R$7,50 e R$13,00. Se comprar pacotes maiores ou em grãos, fica mais barato, mas pacotes grandes estragam (porque demora a você consumir tudo) e em grão precisa de moedor (custa entre R$ 100,00 e R$250,00). Cada pacote de café rende até 50 xícaras, saindo entre 04 e 25 centavos cada, é uma bagatela se compararmos aos cafés espressos que custam entre R$1,70 e R$3,00 por xícara, mas ali nós pagamos não só pelo café, mas também pelo serviço, aluguel da máquina (caríssima), ambiente e outras coisas.
– Existe café feito de merda? Mais ou menos, hehehehe. Existe o café Kopi Luwak, é feito na Indonésia a partir das fezes de um animal (uma espécie de gato herbívoro) da região. O animal come o fruto e quando defeca, os trabalhadores recolhem, debulham, lavam e separam os grãos, que serão descascados, seco, torrados e moídos. Esse processo de digestão do animal altera a composição química do café, dando um sabor característico. No Brasil existe o café jacu, ele passa pelo mesmo processo, porém o jacú é uma ave e não um mamífero. No Brasil encontra-se café kopi luwak em apenas uma cafeteria de São Paulo, custando R$20,00 a xícara (vendido a preço de custo como ferramenta de marketing do estabelecimento), nos EUA a xícara pode custar até US$65,00 em algum bar sofisticado de NY ou LA.
Erros Freqüentes:
– Água muito quente ou muito fria.
– Mexer o café enquanto é coado. (O que dá na mente perturbada de uma criatura para achar que isso melhora o café? MeoDeos!)
– Armazenar o café pronto por muito tempo, o café azeda depois de 1 ou 2 horas, mesmo em garrafa térmica.
– Adoçar o café dentro da garrafa, coisa de gente egoísta. (Oxida o café, ele azeda rapidinho)
– Beber muito café. Deixa de ser prazeroso e vira um vício ruim.
– Atolar de açúcar, é café porra, se quiser ultra-doce beba toddynho de brigadeiro!
– Requentar o café. Coisa mais asquerosa do mundo é café requentado! Argh!
– Me chamem de conservador, mas em minha opinião o bom café só pode ser feito de duas maneiras… Em uma boa máquina de espresso ou no coador. Aquela cafeteirinha italiana é horrível, queima e carameliza todo o café, a francesa é “menos pior”, mas o seu sistema de filtragem é muito criticado.
– Kisuco de Chorume Nescafé <— Puro e simplesmente um erro da humanidade, quem bebe isso pode comer fezes achando que é chocolate e beber mijo achando que é cerveja puro malte.
Marcas que gosto e conheço:
O Brasil tem muitas marcas boas, tenho a maioria aqui em casa.
Eurídice: É disparado a melhor, custa R$ 11,00 a R$ 14,00 reais o pacotinho de 250g, é feito com todo o cuidado, plantados acima de mil metros de altitude, face norte (maior insolação), grãos recolhidos um a um(só os vermelhinhos, maduros), máquinas de secagem, lavagem, moagem, torra e embalagem de última geração
Floresta: Tem na versão Sul Minas, Mogiana e Cerrado Mineiro, as três regiões são ótimas, o café também não deixa a desejar. R$ 8,50- R$11,00 o pacote, mas esses achei em uma liquidação do EXTRA, R$ 3,00. O café que está na xícara é o Floresta Mogiana.
Illy: Café em grão importado da Itália (mas de origem brasileira), torra mais forte. Essa latinha está abandonada há dois meses, quando meu moedor de café quebrou.
Suplicy: Tem três níveis de torra e abastecem a rede de café Santo Grão, uma das melhores do Brasil e com certeza a melhor de Recife (dentro da Livraria Cultura). Custa entre R$ 10,00 e R$ 20,00, depende de onde você compra. É o único pacote que não tem na foto.
Vídeos:
Padrão das melhores fazendas de café:
Café Kopi Luwak (extraído das fezes de um felino da Indonésia) (in english)
Café Jacú: (versão brasileira do kopi luwak)
Café Octavio, a cafeteria mais sofisticada do Brasil.